21 agosto 2009

BOLA BRANCA 23 08 2009

Carta de agradecimento

A Boca do Lobo enfeitou-se. As suas arquibancadas sabiam que o dia era de festa. Apesar de o céu ser azul e o sol amarelo veio um dia cinzento que teve que ser colorido aqui em baixo pela nossa gente.

Avisou-se que ninguém poderia ficar de fora. Seria o dia mais especial. Talvez merecesse um terno ou uma roupa nova. Dos quase 101 anos, este seria um dia para entrar nos momentos de louvação. Um daqueles para ficar imortalizado. E assim foi! Surgiram instantes de emoções, lembranças e nostalgias, balanços, mas sobretudo tudo serviu para delinear um novo tempo.

Não existe torcedor do Pelotas que, com a oportunidade de escolher uma sucessão de acontecimentos, que optasse por algo diferente do que os daquela tarde. Mas tinha mais: um personagem com alma e devoção estava escolhido para receber a unanimidade dos pensamentos e selar uma união indevassável. Tinha que haver, naquele dia especial, um símbolo da unificação. Havia a necessidade de materializar-se os acontecimentos num único herói.

Estou desde quarta-feira vendo e revendo, no teipe, aquele instante mágico de um corpo em harmonioso movimento com o tempo e com o espaço disparando um petardo empurrado por mais de dez mil pensamentos conjuntos. E a bola, com a velocidade de um cometa, espantando a todos, tocando a rede com a fúria sadia envolta da energia dourada dos cabelos daquele "carrasco" das defesas. O sol surgiu por um instante só para quem estava lá. Ouviu-se então uma explosão imensurável e indescritível. Descortinava-se a luz.

A chuva que caía misturava-se com as lágrimas que harmoniosamente pingavam dos olhos incrédulos de satisfação, molhando o solo sagrado. Ao fim todos pisavam na água da chuva e nas lágrimas espalhadas que se transformaram num líquido abençoado pelos céus. Estava tudo novamente como sempre foi. Obrigado Sandro Carlos Sotilli em nome de todos que lá estavam, dos que não foram e daqueles que não mais aqui estão e sempre aguardaram um segundo como aquele.

Fica leve, segue teu caminho encantando a todos com as tuas jogadas inesquecíveis fazendo dos sonhos a nossa realidade. Estás imortalizado na nossa alma como tantos outros. A forma dos teus pés deveriam ficar sedimentados num espaço daquele nosso chão e teu nome afixado no bronze, numa parede da “tua casa” - a Boca do Lobo - de onde nunca mais sairás. Estarás assim cumprindo o teu papel para as gerações que nos sucederão. Obrigado Sandro Carlos Sotilli

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