16 janeiro 2009

BOLA BRANCA 10 01 2009 - LUTO

O que pode ser escrito neste domingo aqui neste espaço? Não há nada que possa abrir um sorriso em alguém, que é o que o futebol promove com a sua magia. Pelotas viveu uma sexta-feira inimaginável. Nós, cronistas, os jogadores e profissionais do futebol não tínhamos passado por fato semelhante. O acidente da madrugada da sexta-feira foi devastador em todos os aspectos.
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Conheci o Cláudio Milar ainda no seu tempo do Pelotas. Escrevi várias vezes sobre ele. Sobre a sua maneira diferenciada de agir e o excelente profissional que era. Entrevistei o Milar outras tantas dezenas de oportunidades por este Rio Grande do Sul afora e no Bento Freitas. Sempre tinha a versão clara do jogo e convencia. Era uma pessoa admirável e por isso uma quase unanimidade entre os torcedores desta terra. Milar tornou-se um amigo meu. No último domingo jantamos juntos no Terraço Pizzaria, após o amistoso contra a Seleção do Chuy. Ele estava super entusiasmado e revelou: Realizei um sonho trazendo os meus amigos para jogar aqui no Bento Freitas. Chorei a morte do Milar e o acontecido. Foi um fato absolutamente inusitado dentro do nosso futebol. Não encontro palavras para dimensioná-lo.
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O Régis era também um excelente profissional. De uma dedicação a profissão incrível. É inacreditável que isto tudo tenha acontecido. O Giovane Guimarães era um torcedor que trabalhava no seu clube do coração. Tinha deixado o futebol para dedicar-se a profissão de professor de educação física em duas escolas. Voltou ao Brasil a pedido do Armando Desessards, mas sobretudo porque era um torcedor Xavante. Que coisa lamentável.
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Fico dividido: Uma hora acho que o Brasil deveria reunir todas as suas forças para tentar a disputa do Campeonato Gaúcho. Ouvi o que o Clayton Rocha disse na sexta-feira: O clube tem que ser maior que a tragédia. É o mais difícil neste momento, mas talvez seja o melhor. Não imagino o Bento Freitas parado por três meses durante o Gauchão inteiro. O que faremos todos nós? Noutra hora acho que o time deveria parar e esperar o segundo semestre. Estamos todos atônitos. Viajamos quase sempre junto com os clubes. Eles num ônibus e nós nos carros, jantamos invariavelmente nos mesmos locais e nos encontramos após os jogos. Conversamos, trocamos idéias, partilhamos de angústias, divergimos às vezes com opiniões fortes e críticas não raro exageradas e que muitas vezes não são aceitas. As cobranças surgem, mas sempre tudo era superado com o bom humor que reinava nos momentos de descontração. Que Deus de força para todos nós. Para que superemos tudo isso.
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A coluna estava pronta na quinta-feira após o amistoso. Versava sobre futebol que é o que eu gosto de falar. A expectativa da estréia. Tive que derrubar tudo. Não sabia o que escrever após a tragédia que vivenciei de perto transmitindo a madrugada inteira para a R.U. e na manhã de sexta-feira. Foram momentos difíceis. Só posso agora deixar o meu abraço sincero e o carinho a todos os dirigentes, jogadores, integrantes de comissões técnicas com quem convivi. Não há muito mais o que dizer numa hora dessas. Estou abalado. Fazemos os mesmos trajetos todos os anos.
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Até a próxima!