09 abril 2009

BOLA BRANCA 12 09 2009

Do Rio de Janeiro

Escrevo aqui do Rio antes de retornar a base. Vai ser um fim de semana quente aqui: Tanto na temperatura como no futebol. Sábado com Vasco x Botafogo e Fla x Flu no domingo. São as semifinais da Taça Rio.

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Acompanhei durante a semana a movimentação aqui na sede do Botafogo. De uma hora para a outra os clubes perceberam que o relatório que define alterações na Lei Pelé está para ser lido e votado a qualquer momento. Nenhum dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro tinha discutido possíveis alterações. Não haviam se articulado para tal. Como a Comissão de Desporto é presidida por um gaúcho, deputado Afonso Hamm e como tenho vínculos com os dirigentes do Botafogo acabei sendo o articulador para que os dois lados promovessem reuniões de trabalho durante a terça e a quarta-feira.

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Os clubes entendem que em alguns aspectos a Lei Pelé tem que ser alterada, mas um é fundamental para a sobrevivência e futuro deles. A questão do vínculo! Vai ser o pedido unânime, quase, no mini-fórum que vai acontecer, também aqui no Rio, dia 20 de abril: Atletas formados nas categorias de base não poderão mais ser objeto de leilão e assédio por parte dos empresários.

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Se o Botafogo possui 160 atletas nas suas quatro categorias de base (40 em cada), o clube então é responsável por 160 atletas. Como pagar salários para criar vínculos com 160 atletas? O empresário vem, observa aquele que lhe interessa, e passa a assediar apenas um, “trabalhando a cabeça” do menino e da família, desestimulando-o do seu compromisso para com o clube. É desigual!

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É claro que existe também a responsabilidade dos clubes: Alimentação, atendimento médico e odontológico, alojamentos e estudos serão condições imperativas para que os clubes assumam mais responsabilidades antes da profissionalização e que tenham então a tranqüilidade sonhada com os seus atletas formados na base.

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Existem outros artigos. Na área trabalhista outras tantas alterações são solicitadas. Citou-se aquele exemplo do Anderson quando estava no Grêmio: Com 16 anos o jogador não poderia atuar após as 22h. Os jogadores necessitam de uma legislação trabalhista diferente da atual. Trabalham todos os domingos, os menores atuam, quando viajam estão a disposição as vezes, 48, 72 horas. É tudo muito diferente.

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O deputado Afonso Hamm, que preside a Comissão de Desporto da Câmara Federal, disse que no dia 20 de abril, uma segunda-feira, estará aqui juntamente com o relator, deputado José Rocha da Bahia, para ouvir os clubes de todo o Brasil que serão convidados pelo Botafogo. Tenho trabalhado nesta linha direta, enviando convites aos clubes e a preocupação demonstrada pelos dirigentes tem sido sempre a mesma. A questão do vínculo do atleta! Imagino que a Comissão não vá votar um relatório que vá contra os interesses dos clubes. Qual deputado vai querer contra si a imensa maioria dos torcedores do Brasil influenciados pelas direções dos clubes?

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O presidente do Brasil, Helder Lopes, aproveitou o convite para a assinatura do termo sobre o jogo amistoso do dia 26 de maio no Bento Freitas entre Brasil e Botafogo e também participou da reunião com os clubes e o deputado Afonso Hamm. Helder me disse que a preocupação dos clubes do Rio é a mesma dos clubes médios e pequenos de todo o Brasil. “Não se consegue estruturar categorias de base por causa da fragilidade da legislação para com a defesa dos interesses dos clubes”!

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Quando é assim: Todos unânimes em torno de um mesmo ponto na legislação e se esse ponto é contrário aos interesses da maioria, muda-se a lei. É o que os clubes vão tentar fazer, talvez tardiamente. Vai ser uma corrida contra o tempo. Dia 20, no meio do feriadão, novas notícias.

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Até a próxima!