27 setembro 2008

BOLA BRANCA 28 09 2008

Mecenato – Sob este título a Folha de São Paulo da última terça-feira dedica a capa do seu caderno de esportes à Série C do Campeonato Brasileiro. Os repórteres Paulo Cobos e Gustavo Alves revelam as ligações de alguns clubes do campeonato da terceira divisão brasileira com a política e as eleições que se aproximam. As urnas desenham a terceira divisão. Políticos envolvidos na próxima eleição municipal movem as zebras da mais importante edição da Série C da história, diz o título da matéria.

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Os clubes mencionados são: Rio Branco do Acre e Águia de Marabá, do Pará, do grupo 25; O Salgueiro de Pernambuco, no grupo 26; O Duque de Caxias, do Rio de Janeiro, no grupo 27; E o Ituiutaba de Minas Gerais e o Marcílio Dias de Santa Catarina, no grupo 28.

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O Rio Branco do Acre é quase integralmente bancado pelo governo do estado controlado pelo PT há muito tempo. Se chegar ao octogonal serão quase 400 mil reais repassados ao clube este ano fora a Arena da Floresta, o moderno estádio bancado pelo estado. E se o prefeito de Rio Branco se reeleger a prefeitura ajudará também o clube no ano que vem. Em Marabá, a boa campanha do Águia fez o presidente do clube se afastar para cuidar da candidatura a vice-prefeito da cidade. A prefeitura já repassou cerca de 50 mil reais a título de incentivo financeiro para o clube.

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Uma parceria pública / privada é o motor de uma das grandes surpresas da Série C: O Salgueiro, sediado na cidade que tem o seu nome no sertão pernambucano. E com menos de 60 mil habitantes, estará na terceira divisão em 2009. Os gastos do time, que ficam por volta de 80 mil reais por mês, têm como principal financiadores a prefeitura, comandada por uma mulher, e a banda de forró Limão com Mel, que tem integrantes nascidos na cidade.

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Nos casos de Marcílio Dias e Duque de Caxias, os prefeitos das suas cidades, ambos candidatos à reeleição, também são os “presidentes de honras” dos clubes de futebol. No site oficial do Duque de Caxias a prefeitura aparece como principal patrocinador do time. Em Itajaí o prefeito Volnei Marastoni, do PT, que tenta novo mandato no dia 5, diz que só ajuda o Marcílio Dias como pessoa física. Até tentou patrocinar o clube por meio do Departamento de Água e Esgoto do município, mas a justiça vetou.

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Já em Ituiutaba, interior de Minas, o prefeito Fued José Dib do PR, não ajuda o clube da cidade só abrindo os cofres. Neste ano, ele já decretou ponto facultativo na cidade duas vezes para o funcionalismo público poder assistir aos jogos do Ituiutaba.

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Enquanto os nanicos brilham com a ajuda dos políticos, clubes de tradição já se despediram do torneio sem garantir uma vaga na terceirona de 2009, o que agrava ainda mais a crise de Santa Cruz de Recife e Remo de Belém. Os dois times são os campeões de popularidade no norte – nordeste e responsáveis por mais de um quarto dos 800 mil torcedores que já foram aos estádios na Série C em 2008. Santa Cruz e Remo agonizam. O clube pernambucano não paga salários aos funcionários há quase oito meses e somente nesta semana a energia elétrica do estádio do Arruda foi religada após dois anos. Antes, os jogos noturnos ocorriam só com geradores. No Remo a situação não é muito diferente: Recentemente a sede campestre do clube foi arrematada por uma construtora, em um leilão. O valor serviu para pagar dívidas trabalhistas no valor de 3 milhões de reais. Até a semana passada o prazo de inscrições para chapas para a presidência do clube já havia sido aberta, mas ninguém havia se lançado candidato.

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A matéria da Folha de São Paulo, que sintetizei aqui, revela diferenças entre o futebol do norte / nordeste e até do sudeste do país com o do sul, mas não que aqui não tenha havido também apoios de algumas prefeituras a times de futebol profissional. O leitor faz o seu julgamento se está correto ou não.

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Até a próxima!