22 dezembro 2007

BOLA BRANCA 23 12 2007

Parceiros e Traiçoeiros - Juca Kfouri escreveu na Folha de São Paulo sobre as parcerias no futebol, suas expectativas, suas frustrações e seus arroubos. Trata-se de um artigo sobre as parcerias no futebol paulista, mas que servem para tudo o que de similar acontece pelo Brasil afora e que vale a pena reproduzir para que o leitor reflita sobre o que se tem falado por aqui também.

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Vejam só o que diz o Juca: O modelo de gestão do futebol brasileiro é tão ultrapassado que nada dá certo nele. Ou quase nada...Por que quem, afinal, poria dinheiro no futebol brasileiro se não puder mandar no clube? E como quem topa investir têm que dar as ordens, os cartolas se transformam em rainhas da Inglaterra, situação que engolem por um período, mas que, com o tempo, causa tamanho ciúme que os leva à rebelião e entornar o caldo. E segue o Juca falando sobre as parcerias: Mas se mantiver o jeito atual de administrar o clube, dará com os burros n’água adiante. E a preocupação aqui é apenas coma eficácia, porque de ética nem é bom falar.

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Tem mais: Os diabos de ontem viram os santos de hoje e neles tudo se perdoa, porque afinal, a vida é assim mesmo, você que é muito radical, o futebol não é para freiras, e quem pode mais chora menos.

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Kfouri é lapidar, abrangente, isento e impressionantemente instigante.

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Os parceiros não são “anjos” também, é bom que se diga. O Pelotas pode sim ter sido prejudicado pela AGS numa ação objetiva pelo menos: A negociação que envolvia o atacante Jorge. O clube teria recebido oferta de 500 mil dólares pelo jogador durante a disputa da Segundona. É absolutamente insano pensar que uma novata, parceira de um clube em de dificuldades, não tenha fechado o negócio que beneficiaria a todos na ocasião com tal oferta. A experiência de um César Sampaio recomenda que ele não pudesse ter deixado de aportar para os “seus interesses” um recurso de tal monta. Nesse tipo de negócio não entram sentimentalismos que geralmente são trazidos pelos dirigentes dos clubes gerenciados. Faltou frieza na avaliação. Resultado: O clube perdeu o negócio, não resolveu problemas financeiros e com isso perdeu de cumprir com as obrigações com o profissional e, baseado na legislação, é bem provável que perca o vínculo que mantém com o jogador. É primário o equívoco para quem se diz profissional da gestão do futebol! Ou ver para onde vai o Jorge.

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Vejo o ano ir embora e com ele o que ainda restava de uma ilusão já abalada pelo tempo. Aquele torcedor esperançoso já não existia, mas ainda guardava uma ponta, sempre, da magia do futebol e das suas cores. Viver futebol sem cor é vivê-lo quase sem emoção, friamente. Nele tem que haver um discurso firme, forte, entoado em sintonia para convencer corações e, mais do que isso, alimentá-los. Esse discurso esvaiu-se! E para quem nutriu tantas expectativas, 2007 é um daqueles anos que, se não tivesse existido, tudo ficaria, pelo menos imune um pouco mais de tempo. As emoções, é provável, seriam preservadas. Antes a gaveta sentimental, que guardava com segredo os desejos e as esperanças, não tivesse sido tantas vezes remexida. 2007 revelou-se um ano que trouxe mais do que apenas decepções. 2007 pode ter nos tirado o futuro. Frustrou jovens, alijou novas perspectivas e sepultou crenças. Não é uma questão de abandono, de não ir mais a estádio, de vibrar num gol, de deixar de lado as cores. É não vislumbrar e comemorar a mudança radical que surgia no horizonte há um ano atrás. É não acreditar mais nos ilusionistas. Adeus 2007. Minha alma carrega um Azul e Amarelo desbotado.

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Até domingo!

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